Da Raiz à Copa

Quantas árvores há em São Paulo? É provável que você não saiba. Nem o poder público da cidade de 459 anos. O prefeito Fernando Haddad (PT) se comprometeu a resolver o mistério: anunciou há uma semana que fará, em dois anos, o inédito censo do verde paulistano.

A promessa não é nova. Em 2010, o então prefeito Gilberto Kassab (PSD) deu início ao projeto Identidade Verde, que também levantaria o total de árvores, começando por 94 mil exemplares de um total estimado em 2 milhões. Três anos se passaram e só cerca de 17% da meta passou por mapeamento.

O novo projeto ainda não tem nome e está em fase de elaboração. A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras o concebe em parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e a Embrapa, mas não comenta seus planos.

A sãopaulo apurou que a ajuda virá de cima. A Embrapa, que se reuniu com a prefeitura nesta semana, deverá usar imagens de satélite, compradas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), para responder ao enigma de quantas árvores há nas vias públicas.

Para medir a saúde das plantas, porém, uma amostra deverá ser vistoriada pessoalmente, ainda com o uso do Sisgau, programa do IPT criado na gestão passada, exclusivo da prefeitura.

Com o Sisgau, a avaliação inclui a idade e a saúde da árvore e a qualidade das podas. Mas ele está ultrapassado -não mapeia, por exemplo, as árvores que caem. Mesmo assim, diz a pesquisadora do IPT Maria Cristina Machado Domingues, o instituto não está desenvolvendo um novo software para a prefeitura. Nos sete anos que se passaram desde que o Sisgau foi entregue, o instituto já bolou um programa mais avançado, o Arbur, do fim de 2012.

“É uma tecnologia mais avançada, que registra a queda de árvores”, diz Sérgio Brazolin, também do IPT. As prefeituras de Porto Alegre e Manaus já demonstraram interesse na novidade. Afinal, queda de árvore é questão essencial para o verde em grandes cidades, dizem especialistas. “O problema não é só saber quantas árvores temos, mas como elas estão e como podemos cuidar delas”, diz o ambientalista Ricardo Cardim, da associação Amigos das Árvores.

Mais de 700 pés caíram na cidade em 2012, segundo o Corpo de Bombeiros. Nos últimos 14 anos, 72.514 foram cortadas com autorização do poder público -14 árvores por dia, nos cálculos da arquiteta Luciana Schwandner Ferreira, que trabalhou na prefeitura antes de fazer a pesquisa para o mestrado na USP.

Enquanto isso, um pedaço da cidade já diagnosticou seu verde. No ano passado, 2.200 árvores dos Jardins foram avaliadas pelo IPT. O mapeamento foi contratado pela associação AME Jardins e pela AES Eletropaulo.

“Entregamos o estudo para a prefeitura em novembro e nada foi feito”, reclama Júlio Serson, presidente da associação. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente afirmou que removerá “em breve” as 322 árvores doentes mapeadas. “Não temos nenhuma informação a respeito”, replica Júlio.

Enquanto o poder público promete dar atenção às árvores, a sãopaulo “ouviu” seis espécies icônicas da cidade.

QUEM SÃO ELAS

  • Chichá do largo do Arouche
  • Figueira-de-bengala do Rubaiyat
  • Imbuias do Instituto Butantan
  • Figueira do largo da Memória
  • Jatobá do parque da Luz
  • Ceboleiro do Viveiro Manequinho Lopes (parque Ibirapuera)

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/revista/saopaulo/2013/04/14/1262019-da-raiz-a-copa-do-verde-paulistano.shtml