O impacto da pandemia no tema sustentabilidade

Uma coisa todos sabem: o mundo mudou muito desde que a pandemia se iniciou após o primeiro caso de coronavírus ser descoberto na cidade de Wuhan, China, no final de 2019. Até então, a grande transformação mundial que acompanhávamos – além da tecnológica – era no tema sustentabilidade.

Contudo, com a chegada da pandemia, o assunto saúde pública acabou tomando conta dos debates mundiais. Como essa mudança de foco interferiu e ainda interfere no debate sobre práticas sustentáveis a níveis mundiais? É sobre isso que falaremos neste artigo. Vamos conferir se e como a pandemia impactou no tema sustentabilidade.

Falar sobre pandemias é falar sobre sustentabilidade

A chegada da pandemia alterou a forma como enxergamos e priorizamos o tema sustentabilidade. O novo coronavírus infectou o primeiro humano em um mercado popular da cidade de Wuhan, na China. De lá, devido a sua alta taxa de infecção e recentes mutações, foi se espalhando para outras regiões da China, outros países da Ásia, outros continentes e, enfim, para o mundo. 

Esse vírus, porém, já existia. E é aí que se encontra o problema da degradação ambiental. Ele estava presente em animais silvestres, e tinha capacidade de infectar apenas a eles, não a humanos. O crescimento urbano desenfreado — e, consequentemente, a destruição do habitat natural da fauna de uma região — faz com que animais silvestres e a população interajam com mais intensidade. Como os vírus têm como característica a facilidade de mutação, essa interação aumenta as chances de acontecer o chamado Spillover — ou transbordamento, em inglês —, que, no contexto da infectologia, significa que um vírus conseguiu “pular” de uma espécie animal para a outra. No caso do novo coronavírus, tudo indica que esse “pulo” aconteceu de um morcego para nós, humanos.

Justamente por isso a sustentabilidade e o surgimento de pandemias estão intimamente ligados. É o desequilíbrio ambiental que permite que novas doenças surjam.

A sustentabilidade é um tema crucial em uma época de pandemia

Degradação ambiental, extinção em massa de espécies, redução significativa da biodiversidade, crescimento urbano desenfreado… todos esses elementos contribuem muito para o surgimento de novas zoonoses (doenças que infectam humanos a partir da interação com animais, sejam eles domésticos ou selvagens). Por isso, investir em desenvolvimento sustentável é uma ótima ferramenta para evitar novas pandemias ou diminuir o seu efeito na comunidade mundial. Neste cenário, focando em soluções dentro do ambiente urbano, as chamadas cidades inteligentes são uma das possíveis respostas para que, em nosso futuro, os efeitos negativos de epidemias e outros males sejam reduzidos e menos frequentes.

Cidades inteligentes podem evitar o surgimento de uma pandemia porque seu crescimento é controlado. Uma cidade nesse modelo não invade áreas silvestres, já que seu desenvolvimento é pensado com bastante antecedência. Além disso, essas cidades conseguem combinar dentro de si uma urbanização inteligente — o que melhora o bem-estar, facilita a mobilidade urbana e incentiva a prática de esportes e utilização de meios de transporte sustentáveis — com um ambiente repleto de verde e locais abertos de socialização.

Como a pandemia está impactando o meio ambiente?

Com o aumento exponencial de infecções, os países que acreditam minimamente na ciência se viram obrigados a restringir a circulação de pessoas e a adotarem os chamados lockdowns por um período de tempo.

Como resultado, notou-se uma menor circulação de carros nas ruas das cidades, a diminuição das atividades de empresas (incluindo as que causam impactos ao meio ambiente) e a redução da circulação de pessoas. Tudo isso transformou as cidades pelo mundo. Moradores de cidades pelo mundo gravaram vídeos de animais andando pelas ruas; rios ficaram mais limpos; e a qualidade do ar melhorou bastante.

Isso não quer dizer que a pandemia “ajudou” para o avanço do tema sustentabilidade. Afinal, essas medidas de isolamento são paliativas. A pandemia, na verdade, é um efeito colateral do desequilíbrio ao longo dos séculos, somado à globalização.

Se há um mantra entre todos os especialistas é o de que o mundo jamais voltará a ser como antes. E isso não é bom ou ruim em essência. Afinal, esse novo mundo está sendo construído. E cabe a nós transformarmos esse novo mundo que está sendo construído em um lugar onde o tema sustentabilidade seja prioritário. Ninguém quer uma outra epidemia se desenvolvendo, e o equilíbrio ambiental é a única forma de evitá-la.