Mais importante do que plantar, é preservar o que existe

A bióloga Maria do Carmo Sanchotene costuma dizer que “não basta plantar, é preciso equilibrar o meio ambiente”.

Ao comentar a relevância dos planos de arborização para garantir a sustentabilidade urbana, ela continua: “Não é uma tarefa simples plantar, preservar e manter a arborização nas cidades, porque as adversidades que elas enfrentam são muitas. As plantas nas cidades vivem um estresse que não vivem em zonas rurais. Mas de todo modo, precisamos preservar a biodiversidade e, para isso, estruturar a malha verde de uma maneira não muito ‘divorciada’ da sua estrutura nas áreas mais protegidas das cidades”.

“Arborização urbana não é para leigos; é para técnicos”

Em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos, em 2015, Maria do Carmo comenta os planos de arborização das cidades brasileiras: “São poucas as capitais e cidades brasileiras que têm um plano bem estruturado. A elaboração desses planos é uma necessidade premente, porque eles reúnem todas as diretrizes e métodos que devem ser adotados para a preservação e expansão das árvores no meio urbano de acordo com as características físicas e geográficas do município que está sendo estudado”.

“O plano diretor de um município, desde o início, tem de acontecer de forma coordenada com os serviços urbanos; do contrário ele é só um papel”

Maria do Carmo relaciona o serviço de arborização das cidades brasileiras com a relevância que as prefeituras municipais dão ao setor, e questiona: “Qual é o patamar político-administrativo do serviço de arborização dos municípios? Ele é só um setor, é um departamento, uma secretaria de meio ambiente? Isso varia muito dentro dos organogramas das prefeituras municipais e é necessário que a arborização ganhe mais destaque nos programas das prefeituras para que se evite problemas como esses. Mais do que nunca precisamos da vegetação urbana. Estamos enfrentando escassez de água em muitos municípios e, somente por essa razão, a vegetação urbana necessitaria de muita atenção, porque ela tem uma grande parcela de contribuição na preservação da água que consumimos”.

Maria do Carmo Sanchotene é bióloga, graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, e mestre em Botânica Sistemática pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Foi diretora da Divisão de Proteção à Flora e Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, em Porto Alegre, e gerente técnica da Supervisão de Parques, Praças e Jardins. Participou da comissão que elaborou os estatutos de fundação da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana – SBAU e da Associação Riograndense de Floricultura. Atualmente, é Diretora Técnica da Empresa Embaúba Arquitetura e Paisagismo Ltda. Representa a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana no Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia de Porto Alegre.

Fonte: EcoDebate