O que é economia circular e como utilizá-la ao nosso favor

A Economia Circular é um conceito inspirado nos processos que ocorrem de forma natural nos ecossistemas. Ele serve, basicamente, como um gerenciamento cíclico de recursos pensados, que incluem absorção e reciclagem para que os materiais sejam reutilizados por um longo prazo de tempo. Esse modelo econômico surge em oposição à chamada economia linear, em que os materiais, após utilizados, são descartados imediatamente, sem que seja reutilizado ou reciclado..

E é sobre esse processo sustentável de economia, a economia circular, que vamos falar nesse texto. Vamos conferir?

A realidade atual do planeta

A lógica do consumo no mundo de hoje funciona sob a perspectiva da economia linear, baseada em extração, produção e descarte. Estima-se que 99% dos produtos produzidos são descartados após, no máximo, 6 meses de uso (de acordo com dados de 2018 da ONU – Organização das Nações Unidas). Isso representa mais de dois bilhões de toneladas de lixo anualmente.

Décadas desse modelo estão fazendo com que os recursos naturais se esgotem – água, florestas, mudanças climáticas – já que a produção e o extrativismo poluem, desmatam e exigem cada vez mais de aterros sanitários. Por conta disso, a economia circular, aquela baseada na extensão máxima da vida dos materiais e produtos por meio de processos de reaproveitamento, se mostra como uma solução viável para salvar nosso planeta.

Os conceitos que envolvem a Economia Circular

De acordo com a Ellen MacArthur Foundation, uma das principais fundações divulgadoras do conceito de economia circular, esse modelo econômico baseado na reutilização de materiais possui 3 princípios fundamentais que a norteiam.

Esses princípios envolvem preservação do meio ambiente, bem como sua expansão, a otimização de recursos e também a redução de danos que os processos causam ao ecossistema.

Vamos conferir cada um desses princípios de economia circular.

Princípio Número Um

A ideia deste primeiro princípio da economia circular é a de não só preservar o meio ambiente, como também expandi-lo. Isso fará com que os recursos naturais, que são finitos, sejam equilibrados e melhor controlados.

Criou-se até mesmo um novo termo chamado “capital natural”, que reforça a ideia de que humanos não são os únicos a produzirem valor. Ao contrário. Todos os elementos necessários para a sustentação de todos os seres vivos, incluindo os humanos, são produzidos na natureza e pela natureza. 

Com isso, busca-se perceber que a destruição dos agentes produtores do capital natural impactam a vida humana. Não há capital financeiro sem a preservação do capital natural. 

Portanto, ao reaproveitar, reutilizar e reciclar materiais, aumentamos também o potencial de crescimento econômico sustentável e a expectativa de vida de nossa própria espécie.

Princípio Número Dois

O segundo princípio da economia circular se refere à otimização da produção de recursos, tornando-a cíclica. Ou seja, utilizar produtos, componentes e materiais em sua capacidade máxima, tanto técnica quanto biologicamente.

Isso tem tudo a ver com a remanufatura, renovação e reciclagem do máximo de componentes e materiais possível, para que eles possam seguir circulando e contribuindo com a economia. Esse princípio está calcado em dois tipos de ciclos, os chamados ciclos biológicos e ciclos técnicos.

‍Os ciclos
  • Ciclos Biológicos: Se refere à reintegração segura de materiais e elementos à natureza por meio de sua decomposição, com a finalidade de transformá-los em matérias-primas para o início de um novo ciclo. Esse ciclo só é possível com materiais biodegradáveis ou de origem vegetal, pois apenas eles conseguem se decompor por meio da utilização de processos como, por exemplo, a compostagem e a digestão anaeróbica. 

Apesar de ser um processo natural, esses materiais podem passar por esse processo também com o auxílio da intervenção humana. Os ciclos biológicos têm a capacidade de regenerar ecossistemas fornecedores de recursos renováveis à economia.

  • Ciclos Técnicos: no ciclo técnico da economia circular, a intervenção do homem tem papel primordial. É por meio de procedimentos artificiais que será possível restaurar e recuperar produtos, componentes e materiais que não são biodegradáveis. Essa recuperação pode ser feita com estratégias como a reutilização, o reparo, a remanufatura ou a reciclagem desses materiais.

A utilização da reciclagem é feita apenas em último caso. Isso porque ela é a que demanda mais energia. Ou seja, a economia circular se baseia não apenas na reutilização máxima possível de cada material, como também em desenvolver estratégias para que esses próprios procedimentos sejam o menos danoso possível para o meio ambiente.

Outra grande aliada é a tecnologia digital. Afinal, ela consegue apoiar, por meio da virtualização, transparência, desmaterialização e inteligência, a transição de uma economia baseada em economia linear para uma realidade onde a economia circular seja a principal.

Princípio Número Três

O terceiro princípio da economia circular se baseia na redução de danos e na gestão de recursos naturais. Esse é um esforço de não só preservar, como também de evitar acidentes que prejudiquem o meio ambiente.

Em outras palavras, a prevenção também é um dos pilares da economia circular.