Recursos Naturais de Conforto Térmico: Um Efoque Urbano

Artigo de Pesquisadores objetivou revisar bibliografia de diversos trabalhos sobre recursos naturais de conforto térmico objetivando relatar r conhecer a importância da implantação da vegetação como estratégia eficiente na busca pelo conforto térmico.

O clima urbano é produzido pela ação do homem sobre a natureza e se relaciona à produção de condições diferenciadas de conforto / desconforto térmico, à poluição do ar, às chuvas intensas, às inundações e aos desmoronamentos das vertentes dos morros – eventos de grande custo social (LOMBARDO, 1985). Condições climáticas urbanas inadequadas significam perda da qualidade de vida para uma parte da população, enquanto para outra, conduzem ao aporte de energia para o condicionamento térmico das edificações (LAMBERTS et al., 1997).

A urbanização acelerada tem comprometido a qualidade ambiental das grandes cidades, sobretudo pela perda da cobertura arbórea e a má ocupação dos solos que interferem diretamente na rugosidade do terreno, diminuindo a ventilação natural. A soma desses fatores trouxe como conseqüência o desconforto higrotérmico e formação de ilhas de calor na malha urbana.

Como a arquitetura nas cidades foi implantada sem o devido planejamento, é necessário buscar recursos de conforto na própria natureza na tentativa de solucionar ou amenizar o desconforto nas cidades. O aumento da ventilação natural e da vegetação são recursos muito citados na literatura para obtenção do conforto devido às inúmeras funções benéficas que esses executam no meio.

A partir da análise de diversos trabalhos relacionados à arborização urbana e ventilação natural é possível notar a eficiência desses recursos naturais na mitigação do ambiente urbano gerando um microclima que proporciona uma maior condição de conforto e redução do consumo energético melhorando a qualidade ambiental das cidades.

Por meio da análise proposta neste trabalho deseja-se que os profissionais que atuam diretamente na organização e construção do espaço urbano, considerem mais ativamente os elementos que envolvem arborização e conforto térmico urbano.

A vegetação

Segundo Mascaró e Mascaró (2005), a vegetação é de extrema importância para a melhoria da ambiência devido às funções que executa no meio urbano. De acordo com Mello Filho (1985), a vegetação nas cidades absorve o gás carbônico e libera oxigênio, promovendo a melhoria da qualidade do ar urbano; sombreia, atenua a radiação e ameniza ruídos; embeleza; protege e promove a melhoria dos recursos naturais (MILANO, 1987), influencia na direção do vento (MASCARÓ, 2004) e interfere positivamente no bem estar do ser humano (salubridade mental), além de proporcionar maior conforto para o lazer e diversão (SHAMS et al., 2009).

Atenuação da Radiação Solar Sombreamento, umidade e evapotranspiração

A radiação solar causa muitos efeitos nos centros urbanos e a vegetação é um dos elementos que pode ser utilizado para bloquear sua incidência e contribuir para o equilíbrio do balanço da energia nas cidades (PAULA, 2004).

Este efeito de atenuação da radiação solar é considerado o principal papel da vegetação urbana segundo diversos autores (FURTADO, 1994; BUENO, 2003; MASCARÓ, 2004; ABREU, 2008; SHAMS et al., 2009).

As árvores, principalmente, são instrumentos muito importantes para a transformação da radiação solar, pois transmite para o meio, de maneira difusa, as ondas curtas emitidas pelo sol que incidem sobre as suas folhas justamente por refletirem parte da radiação, sendo que outra parte, ou seja, determinada faixa espectral, é absorvida e transformada em calor físico e energia química.

Oke (1978) afirma que a vegetação deve proporcionar sombra e auxiliar na diminuição da temperatura, a partir do consumo de calor latente por evaporação e pela perda de água através da transpiração.

Segundo Mascaró (2004), cada árvore responde de maneira diferente no meio que está situada, de acordo com as características inerentes de cada espécie (formato de copa, área e rugosidade foliar, coloração, e deciduidade) e do próprio meio, uma vez que o sombreamento de uma árvore é resultado da área da superfície sombreada e a interação do porte e forma da planta com a trajetória solar diária nas estações do ano (PAULA, 2004).

A evapotranspiração das plantas tem efeito muito positivo no clima urbano, pois durante este processo a planta absorve calorias, promovendo a diminuição da temperatura do microclima nas horas mais críticas.

Dimoudi; Nikolopoulou (2003) observaram que quando a temperatura do ar atinge 25ºC, a vegetação pára de contribuir com a evapotranspiração, pois seus estômatos vão se fechando à medida que a temperatura se eleva e a velocidade do vento aumenta, evitando a perda de água para o meio.

As árvores contribuem significativamente para refrigerar nossas cidades, conservar energia e podem fornecer proteção solar às casas, enquanto a evapotranspiração pode reduzir as temperaturas urbanas além de criar espaços externos agradáveis à permanência humana.

Diversos estudos relatam o aumento da umidade das áreas vegetadas em relação às não vegetadas (FONTES; DELBIN, 2002; LIMA; ROMERO, 2005; ABREU, 2008) atribuindo à vegetação a capacidade de conservar a umidade no solo, diminuindo o aquecimento por reter a irradiação.

Segundo LLANDERT (1982), a conservação da umidade pela vegetação pode ocorrer de três maneiras: evaporação física direta das chuvas, transpiração fisiológica das plantas – inversamente proporcional ao grau higrotérmico do ambiente – e a clorovaporiazação do vapor de água durante a assimilação clorofilica de CO2 atmosférico, por meio da ação dos raios solares. Este mesmo autor afirma que a evaporação em campo aberto pode ser até dez vezes maior do que embaixo da copa das árvores.

A vegetação, se inserida na área urbana de maneira correta, é capaz de combater a aridez do clima urbano pela regulação higrométrica. Entretanto, com a impermeabilização do solo e diminuição da cobertura arbórea, grande parte da água das chuvas deixou de ser interceptadas e/ou infiltradas, levando ao escoamento superficial parcial ou total reduzindo consideravelmente a umidade no solo em áreas urbanas.

Veja o texto na íntegra em http://www.revsbau.esalq.usp.br/artigos_cientificos/artigo194-publicacao.pdf